A recente morte do ator Flávio Migliaccio reacendeu uma questão importante e polêmica. Afinal, se deve noticiar um suicídio? O problema não foi o fato em si, mas a forma como ele foi repassado para o público. O ator teve uma carta de despedida divulgada, além de fotos vazadas pela própria polícia.
Em tempos de pandemia, as coisas estão ainda mais complicadas do que o normal. Isso é extremamente perigoso para pessoas que sofrem de depressão ou de algum outro transtorno mental.
Existe a teoria de que a divulgação de casos de suicídio seja um gatilho para que novas pessoas cometam o ato. Entretanto, o autoextermínio é uma questão de saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o suicídio é a segunda maior causa de mortes em jovens entre 15 e 29 anos.
Os dados são alarmantes e não podemos simplesmente ignorar tudo isso e fingir que nada está acontecendo. Sendo assim, o que deve ser feito?
O Efeito Werther
Não sei se vocês já ouviram falar de Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe, mas ele conta a história de um homem que se apaixona por uma mulher que se casará com outro, com isso ele comete suicídio.
Embora seja teoricamente um romance trágico como muitos outros, o lançamento do livro, em 1774, foi seguido de diversos suicídios nos meses posteriores, todos usando o mesmo método do protagonista, e até mesmo vestimentas similares.
Em 1974, O pesquisador David Phillips definiu com base nisso o Efeito Werther, que é quando um caso muito divulgado de suicídio desencadeia uma onda de outros.
Entretanto, o suicídio por imitação acontece apenas quando a pessoa já se encontra em um estado avançado de sofrimento e há uma identificação com a vítima. Seja uma celebridade ou alguém próximo, pelo menos é o que diz a psicóloga Karen Scavacini.
No caso de uma pessoa pública, tudo é influenciado pela forma como a mídia divulga o caso, se for ‘muito romantizado, trouxer informações simplistas ou dizer que a pessoa encontrou paz’, por exemplo.
